Cecília Melo E Castro
Poema de ANTÓNIO RAMOS ROSA
O Poeta ANTÓNIO RAMOS ROSA, presente na inauguração de uma das minhas Exposições e inspirando-se nas obras ali expostas, escreveu o seguinte poema que venho publicamente agradecendo desde então, pois considero um enorme privilégio ter "tocado" os seus sentidos, para além de ser uma grande admiradora da sua obra poética.
Publicado no Catálogo da Exposição de Cecília Melo e Castro "TRANS-FORMAÇÕES IMAGÉTICAS", no Palácio D. Manuel, Évora - 2000
A PINTURA DE CECÍLIA MELO E CASTRO
O som dos navios
com as luminosas proas.
As vibrações das pálpebras,
o lúcido clamor
das sílabas de areia
As palavras primeiras
que do mar ascendem
com torres de luz.
O vai-vém inicial
das folhas sob a aragem
Os cavalos de pedra
entre o vapor das águas
O deslumbrante líquen
do vento iluminado
O fulgor de mil rostos
no incêndio dos silêncios
As ondas das ondas
nas páginas do fogo
No mais branco delírio
os animais da cor
desprendem os cabelos
São as mais altas ervas
que os navios atravessam
entre o ser e o não ser.
Entre o negro e o negro
aves, arbustos, estrelas.
Quem gravou estas cores
gravou no centro os nomes,
abriu as portas da noite.
Autor: ANTÓNIO RAMOS ROSA
POETA E ENSAÍSTA - PORTUGAL
